PERPLEXIDADES - I TEMPO - MADUREZA

PERPLEXIDADES - INCOMPREENSÃO - ISOLAMENTO - SONOLÊNCIA


Nós, aqueles que ultrapassam os 60 anos, vemo-nos aturdidos com tantas coisas. Preocupa-nos o modo como as coisas estão se encaminhando internamente, em no país. A nossa experiência e as nossas leituras são imensamente grávidas de saber, sendo isto indubitável, mesmo ainda aqueles menos afeiçoados às letras e à filosofia, sentem-se assim também, com outras cores, talvez.

Decepcionamo-nos com a política em sentido filosófico da maneira como tem sido praticada nos últimos anos. Se antes nos ressentíamos de um sistema de governo que decaia rapidamente, depois, viemos a notar que embora a nossa Constituição tenha saído bastante razoável, observamos com tristeza de que a mesma leitura traduzida por Caio Prado Jr e também por Sérgio Buarque de Holanda em sua "Raízes do brasil", persistiram, especialmente naquilo que se referiram à propriedade e à corrupção(veja "Os donos do poder", de Raymundo Faoro), persistiram incrustados como modo de operar o bem público e dele se apoderarem de todas as maneiras.

Isso nos conduz à perplexidade quando vemos o homem ainda destinado a se apoderar da mais-valia, agora já adiantado em forma financeira.

Homem tem sido sempre o LOBO DO HOMEM.

Preocupa-nos sobremaneira e sobretudo o processo acelerador e difusor de mensagens que trafegam nas redes sociais, e a força desse tipo de movimento, especialmente porque nunca vivenciamos isso tudo. Mas nós temos ciência nítida de como se chegou a 1961, 1962, 1063 e depois 1964, agravado pelo Ato Institucional nº 5, de 13.10.1967, se não me falha a memória.

É verdade que faltou perícia aos administradores do país, mas a "raiva social" elaborada plenamente pela classe dominante, servindo de cartilha para burguesia e lupemproletariado.

[O termo, que pode ser traduzido, ao pé da letra, como "homem trapo", foi introduzido por Karl Marx e Friedrich Engels em A Ideologia Alemã (1845).2 O lumpemproletariado seria constituído por trabalhadores em situação de miséria extrema ou por indivíduos desvinculados da produção social, dedicados a atividades marginais, como os ladrões e as prostitutas. Em O 18 de Brumário de Luís Bonaparte, capítulo V, assim é descrito o lumpemproletariado:

Sob o pretexto de criar uma sociedade de beneficência, organizou-se o lumpemproletariado de Paris em seções secretas, cada uma delas dirigida por um agente bonapartista, ficando um general bonapartista na chefia de todas elas. Junto a roués arruinados, com duvidosos meios de vida e de duvidosa procedência, junto a descendentes degenerados e aventureiros da burguesia, vagabundos, licenciados de tropa, ex-presidiários, fugitivos da prisão, escroques, saltimbancos, delinquentes, batedores de carteira e pequenos ladrões, jogadores, alcaguetes, donos de bordéis, carregadores, escrevinhadores, tocadores de realejo, trapeiros, afiadores, caldeireiros, mendigos - em uma palavra, toda essa massa informe, difusa e errante que os franceses chamam la bohème: com esses elementos, tão afins a ele, formou Bonaparte a soleira da Sociedade 10 de dezembro."] (Wikipedia)

Perplexos, sabemos como se começa um movimento, mas não podemos prever como termina. E pior que somente pode terminar ruim para a classe dominado. Os bancos e as indústrias, mais os latifundiários, estão dando as cartas, usando especialmente a "Raiva Social", embalada e acrescida de uma gravidez nefasta.

Perplexos.

Sonolentos.

Assis Rondônia.