O TREM DE FERRO E
A GRANDE SACANAGEM DESENVOLVIMENTISTA
Texto completo AQUIO TREM DE FERRO
Toda criança nascida ate o ano de
1950, sessentões hoje, em sua grande parte viu, mesmo na migração, um trem de
ferro correndo pelos trilhos existentes no país. Lembram-se estes homens e
mulheres sexagenários de despedidas e acenos, do cheiro característico deixado nas partidas das estações e também das
chegadas alegres de seus parentes e amigos chegantes
do grande centro urbano, geralmente da capital. No trem se namorava e muitos se
masturbaram a si e a outrem,
geralmente com dedos atolados nas vaginas virgens e também despossuídas do hímen, essa membrana mucosa protegida
pelo código civil de 1916, adaptado da “Orópa” para essa terra de caciques e
reis e explorados.
Ninguém ignora haver o Brasil chegado
à fase republicana através de um golpe dado na monarquia representada por D.
Pedro II que, com seu travesseiro de terra fora convidado a se retirar para sua
terra no além-mar. Ao se estabelecer a nova cara de uma nação abaixo do
equador, já no governo principiante mostrou a corrente liberal-democrática, de
Campos Sales, Rui Barbosa e Prudente de Morais, toda a sua força para ditar o
regime presidencial e a separação dos poderes nos moldes americanos. Os mesmos
que de posse de um título invisível, de propriedade deletérea, transmitido pela
Grã Bretanha, esta, Senhora que tudo destruiu nesse país chamado Brasil e o
filme “Mauá: O Imperador e o Rei” bem mostra e os jovens deveriam assistir e
refletir;e as academias de direito, envenenadas pela estupidez da “introdução à
ciencia jurídica” deveriam promover estudos dirigidos de debates na busca de
lampejos do saber, quem sabe adormecido no possível e futuro bacharel. Assim
teriam os bacharéis a compreensão de que a corrente liberal daqueles dias é a
mesma de 2010, subsumida na Frente Liberal (PFL), atual Democrata (DEM),
legítimos representantes dos grandes latifúndios, cujos proprietários – 8% da
sociedade – detém 80% de todas as terras cultiváveis.
Essa Inglaterra, ingrata, é a
mesma que destruiu nossa indústria de tecidos em Pernambuco, oficinas
tipográficas e até alambiques de cachaça. Ela mesma que também proibiu a
industrialização, a fim de manter o poder em suas mãos. Assistam ao filme Caramuru e observem o
verdadeiro orgasmo de um inglês ao ver a literal destruição das máquinas e
teares da indústria de Pernambuco, no momento que eram jogadas na cachoeira de
Paulo Afonso[1].
Até mesmo a libertação dos escravos em
nossa terra não se deu por vontade própria, mas por interesse da Inglaterra,
pois, assim, impunha a elevação dos custos de produção para aumentar e
dificultar a guerra pelo mercado aos Norte Americanos. Somente em razão disto
se fez a libertação, tanto assim, que primeiramente nasceu o Bil Aberdeen no Parlamento Ingles em 8
de agosto de 1845[2].
O Brasil já se havia comprometido num
Tratado de 2 de abril de 1826, em que declarava livres todos os escravos vindos
de fora e impondo penas aos importadores, embora o Parlamento Brasileiro tenha
ratificado o Tratado 5 anos após.
Essa mesma Grã Bretanha que,
(...) comprava nossas colheitas e
vendia-nos tudo, desde as roupas, os remédios, as madeiras para construção de
casas, telhas, queijos, manteiga, sal de cozinha, doces de conserva, perfumes,
louças, carvão para gás de iluminação, enxadas, martelos, pregos, enfim,
praticamente tudo que era essencial à própria sobrevivência da burguesia.[3]
Quando você pergunta sobre o trem
de ferro e o por quê de sua ausência como meio de transporte, é possível ser
respondida a indagação acreditando que não há governantes e políticos
preocupados com o que lhe possa ser bom; não é para isto que você os elegeu, no
entendimento deles, os safados, mas para que possam fazer tudo o quanto lhes
possam render frutos e dividendos, mesmo quando o empresariado “nacional” leva a
vantagem, pois, na eleição seguinte esse mesmo político vai apresentar a sua
fatura, e muitas vezes recebe agora, já, a sua parte, às vezes aparecendo a
“contribuição” lá nas Ilhas Caimãs. Você que se interessa pela beleza e
utilidade do trem de ferro, saiba: “não existe almoço grátis”. É tudo uma grande sacanagem comercial e você
é somente um tubo digestivo que consome porcarias industrializadas na forma de
bolachas, bolos, enlatados e refrigerantes, tudo com impostos de 35% e
45%. Você é uma máquina de consumo que
carreia as guloseimas para a privada. É uma função triste e árdua que você
cumpre à risca, conforme o mandarim da publicidade rádiotelevisiva.
O trem de ferro se apresenta para nós sempre carregado de imagens e do sentido de sua utilidade; também nos dá a impressão de que houve uma sacanagem política imposta pelos países produtores do automobilismo, sobretudo, no setor dos transportes de cargas.
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